Revista Manutenção

Coimbra recebeu o 17.º Congresso Nacional de Manutenção

Coimbra recebeu o 17.º Congresso Nacional de Manutenção

O 17.º Congresso Nacional de Manutenção decorreu nos dias 23 e 24 de novembro, no hotel Vila Galé Coimbra.

Coimbra foi a cidade escolhida para acolher o 17.º Congresso Nacional de Manutenção e o 10.º Encontro de Manutenção dos Países de Língua Oficial Portuguesa. Nos dias 23 e 24 de novembro, mais de 250 participantes rumaram até ao hotel Vila Galé Coimbra para discutir e ouvir ideias sobre a manutenção em todas as suas vertentes.

O certame começou com uma sessão de abertura encabeçada pelo Presidente da Direção da Associação Portuguesa de Manutenção e Gestão de Activos (APMI), Diogo Brito Nunes, que abriu a sala à partilha de ideias. Seguiu-se Joaquim Vieira, em representação da Associação Angolana de Manutenção e Gestão de Activos (AAMGA), ao transmitir uma mensagem do Presidente da associação. É importante preparar (os ativos), desde a conceção, para a reutilização. É um passo que começa desde o início, disse, de seguida, apontando para a sinalização da Semana Europeia da Redução de Resíduos.

Se a função da Manutenção é manter e prolongar a vida dos ativos, é a aceitação de tecnologias inovadoras que permite a evolução. Quem o diz é Horácio Pina Prata, presidente da NERC- Associação Empresarial da Região de Coimbra, reforçando ainda o conceito da reutilização. A padronização vem como uma oportunidade de reutilização e a sustentabilidade não deve ser subjugada com base na inovação, advertiu. A sessão de abertura terminou com a intervenção da Vereadora Ana Bastos, em representação do Município de Coimbra, que destacou o papel fundamental que a manutenção desempenha. “É um grande privilégio ver esta sala cheia para que juntos consigamos refletir sobre temas fundamentais para o desenvolvimento económico da sociedade”, disse a também engenheira, que partilhou que Coimbra está a trabalhar para potenciar o setor empresarial e terciário e que eventos como o Congresso são necessários.

Keynote speakers e um espaço de Feira Técnica

O primeiro Keynote Speaker do 17.º Congresso Nacional de Manutenção foi o Bastonário da Ordem dos Engenheiros, Fernando de Almeida Santos, que se debruçou sobre “A importância da Ordem dos Engenheiros na sociedade portuguesa”. “Nós estamos a acompanhar a evolução do conhecimento”, disse o Bastonário, explicando que a Ordem dos Engenheiros é uma associação de direito público, sendo a entidade que atribui o cargo de engenheiro. “Uma coisa é a habilitação académica e outra é a qualificação profissional. Temos menos de metade dos engenheiros formados na Ordem”, confessou, rematando que “a engenharia é uma mais valia na Manutenção, tanto como parte do processo, como fonte de rendimento através da manutenção preventiva.

O resto da manhã foi dividida entre o auditório principal e um segundo, localizado do outro lado do corredor, onde foram apresentadas várias comunicações sobre Manutenção e Gestão de Ativos e Transformação Digital/ Indústria 4.0, e o espaço da Feira Técnica que contava com a presença de 12 empresas e instituições: a Bresimar Automação, a CCILA, a DiPROTOS, a DMC, a Helukabel, o ISEC, a Meivcore, a Mota Engil- ATIV, a SEW Eurodrive, a TDGI, a UE Systems e a WEGeuro.

Por volta das 14h, iniciou-se a intervenção do segundo Keynote Speaker, Diego Galar, professor catedrático da Universidade de Tecnologia de Luleå, na Suécia, que falou sobre comoTrazer o futuro: a revolução sustentável da Manutenção 5.0 por entre o legado da Manutenção 4.0”.

Se tivermos dados guardados para a máquina aprender localmente, será muito mais fácil escalar o processo do que se enviarmos tudo para a cloud”, explicou. Por entre conceitos complexos, Diego Galar tocou em pontos como Big Data, Machine Learning, Local Inteligence Inteligência Artificial (IA) industrial, IA reativa, o conceito de eventos black swan e dark factory.Podemos prever com o passado e não com o futuro, o que não permite saber que problemas poderão existir sem sintomas de alerta. É por isso que é importante utilizar um modelo híbrido, que possibilita combinar dados disponíveis e todos os cenários possíveis.

Em 2020, as pessoas tiveram medo que a Indústria 4.0 fosse roubar os trabalhos todos. Com a Indústria 5.0 perceberam que o homem tem de estar no centro da tecnologia, assegurou Diego Galar. Por isso, segundo o professor catedrático, caminhamos no sentido da mente coletiva com inteligência distribuída. Um multiverso onde é possível simular todas as políticas de manutenção de forma a encontrar o cenário ótimo é o nível mais alto já atingido pela análise de manutenção. A seguir, de acordo com Diego Galar, vem a cognição das máquinas, onde o ativo vai conseguir tomar decisões com base nos cenários todos que correu.

Depois de uma tarde repleta de apresentações técnicas sobre os temas Manutenção e Gestão de Ativos, Segurança na Manutenção, Tecnologias aplicadas à Manutenção e Normalização e Certificação, o Congresso rumou até à Quinta das Lágrimas, para um jantar que contou com a atuação de d’Anto – Grupo de Fado de Coimbra e a entrega do Prémio Engenheiro Monteiro Leite 2021/2022 a Rui Assis, pelo artigo “Determinação do Factor Restauro”.

O retrato dos profissionais da manutenção

A manhã do dia 24 de novembro começou com Daniel Gaspar, Presidente da CT94 Manutenção, que falou sobre “A certificação dos prestadores de serviços de manutenção segundo a nova versão da Norma NP 4492:2023”. De seguida, Paulo Peixoto, da ATEC, apresentou os resultados preliminares do estudo “Retratos dos profissionais de Manutenção nas empresas portuguesas”, feito em parceria com a APMI e a CIE. Com um prazo até 15 de dezembro, Paulo Peixoto apelou à participação e deixou o repto para juntar academias de formação, empresas e a APMI para perceber o que se pode fazer para combater os problemas que afetam a disponibilidade dos profissionais do futuro.

O 17.º Congresso Nacional de Manutenção, organizado pela APMI, prosseguiu com várias sessões no restante da manhã, sobre Manutenção e Gestão de Ativos, Tecnologias aplicadas à Manutenção, Sustentabilidade e Economia Circular, As pessoas e a Manutenção e Transformação Digital/Indústria 4.0. O certame de dois dias contou com vários patrocinadores, desde a Meivcore, o ISEC, a UE Systems, a TDGI, a Mota Engil-ATIV, a Navigator, a Total Energies, a ATM, a SKF e a Aquila, à a WEGeuro, a ECEP, a OMNISTAL Elecnor, a Schneider Electric, a fractal, a MORTINDE e a tubogal.

Ao todo, o certame reuniu cerca de 190 participantes no primeiro dia e, aproximadamente, 150 no segundo, tanto de empresas como de Instituições de Ensino. Contou ainda com um total de 36 apresentações e 13 empresas e associações presentes.

Vai poder ler a reportagem integral do 17.º Congresso Nacional de Manutenção na próxima edição da revista Manutenção.

Por Sara Lopes