Revista Manutenção (RM): O que motivou a elaboração do presente estudo?
Paulo Peixoto (PP): Este estudo é uma investigação pioneira em Portugal e, talvez, no espaço europeu. Resulta de uma vontade conjunta da ATEC, da APMI e da CIE em ter uma visão abrangente do atual posicionamento das áreas de manutenção nas empresas portuguesas e, mais concretamente, do papel que os profissionais de manutenção desempenham no tecido empresarial. Nasce também da necessidade de termos um retrato fiável das necessidades de desenvolvimento dos profissionais de manutenção, que ajude a apontar caminhos possíveis para o desenvolvimento das suas competências e da área de manutenção industrial e de gestão de ativos, no seu global.
Vivemos tempos de mudança. A rápida evolução das tecnologias ao longo dos últimos anos, a transição energética, a Inteligência Artificial, entre outros fatores, tem afetado significativamente as organizações e os profissionais em particular. A área da Manutenção e, consequentemente, o perfil do profissional de manutenção evoluiu de forma significativa, com o objetivo de dar resposta a uma indústria em constante transformação, com foco crescente na tecnologia, sustentabilidade, segurança e competências interpessoais. Existem novas exigências, tarefas e desafios.
Estes fatores levaram-nos a questionar quem são os atuais profissionais de manutenção, quais são as suas responsabilidades nas diversas organizações, qual o seu papel atual no negócio das empresas e como estão a ser preparados para o futuro. Este estudo, apoiado numa amostragem de mais de 6 mil profissionais de manutenção, responde a estas questões e deixa-nos ainda algumas indicações sobre as preocupações com a evolução da profissão.
RM: Que papel desempenham os profissionais de manutenção nas empresas? Que retrato faz este estudo?
PP: O estudo revela, de forma clara, que a manutenção preventiva tem vindo a ganhar terreno e a ser reconhecida como forma de prevenir e evitar paragens de operação, que naturalmente representam custos significativos. Efetivamente, 29% das empresas inquiridas apontaram a manutenção preventiva como a principal responsabilidade das suas equipas. Contudo, o estudo revela também que a manutenção corretiva, nomeadamente o diagnóstico de falhas, a reparação e a substituição de equipamentos ainda são as responsabilidades principais assumidas pelas equipas de 56% dos inquiridos.
O grau de intervenção das equipas de manutenção no processo produtivo é abrangente e difere consoante as organizações, como se pode ver na Figura 1. Esta abrangência de tarefas e responsabilidades está em linha com Norma EN15628:2014, que especifica a qualificação dos profissionais de manutenção em contexto de sistemas de produção e infraestruturas. É, portanto, fundamental que os profissionais de manutenção sejam dotados com as competências necessárias para serem flexíveis e autónomos no seu desempenho.
Adicionalmente, este estudo revelou um facto interessante. Se no passado as equipas de manutenção eram muito fechadas em si, o Estudo revelou que estas são cada vez mais colaborativas, como ilustra a figura seguinte (Figura 2), evidenciando desta forma uma necessidade efetiva de desenvolvimento de competências pessoais e organizacionais, para que a comunicação e os processos com estes interlocutores se desenvolvam de forma eficiente e segura.
RM: Como tem sido a evolução dos profissionais de manutenção nas empresas portuguesas nos últimos anos?
PP: Tradicionalmente, a missão dos profissionais de manutenção é essencialmente garantir o funcionamento e a segurança dos equipamentos e dos processos produtivos. Contudo, o atual profissional de manutenção não se esgota nestas vertentes e a análise das várias dimensões deste estudo mostra-nos exatamente isso.
O profissional de manutenção já não se move apenas no “chão de fábrica”, mas sim interage com uma diversidade de departamentos (ver Figura 2), o que impõe uma elevada flexibilidade e riqueza de competências.
por ATEC – Academia de Formação
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