Introdução
Uma unidade hospitalar utiliza várias dezenas de milhar de equipamentos médicos, de características e valores de investimento muito diversos. Para os profissionais de Saúde, os equipamentos médicos são uma ferramenta indispensável, mas a sua gestão operacional não é uma das competências core destes profissionais. Naturalmente, entre o cuidado ao paciente ou aos equipamentos, a atenção vai para o paciente. Importa libertar os profissionais deste peso operacional, garantindo que, a cada momento, o profissional de Saúde sabe o estado do equipamento que precisa e onde ele está.
Conhecer o ativo e a sua localização é a primeira pedra no edifício da Gestão de Ativos num hospital. Torna a gestão transparente, liberta os profissionais da gestão logística dos equipamentos e permite a otimização de recursos. No entanto, a sua aplicação requer conhecimentos técnicos, que devem ser combinados com conhecimento operacional de uma unidade de Saúde. É requerida a participação de equipas multidisciplinares, para que os hospitais tirem partido desta solução.
O aumento do número de anos de vida saudável
A saúde é um valor inestimável para cada ser humano e a sua primeira preocupação. Nesse sentido, os seres humanos procuram ativamente a resolução de problemas de saúde. Este esforço traduziu-se num enorme aumento da expectativa de vida, mesmo em países com problemas de desenvolvimento económico [1]. Esta evolução trouxe outros problemas de desenvolvimento, relacionados com o surgimento de doenças associadas à idade, assim como a inversão da pirâmide demográfica, colocando em causa a sustentabilidade dos sistemas de segurança social e dos sistemas de Saúde. O aumento da expectativa de vida também não se traduziu, forçosamente, em mais anos de vida com saúde. Nesse aspeto, Portugal está abaixo da generalidade dos países da Europa. A média de anos de vida saudáveis na Europa, após os 65 anos é de cerca de 10 anos. Em Portugal ronda os 8 anos [2].
Efeitos no parque hospitalar
Esta procura por viver mais, mas também melhor, tem levado a uma procura crescente de serviços médicos e hospitalares, fazendo aumentar a procura de equipamentos médicos, que são essenciais para prestar cuidados de saúde de qualidade elevada. No período de 1995 a 2010, nos Estados Unidos, o número de equipamentos médicos aumentou 62%, o que levou a um aumento de 90% em custos de manutenção [3]. Tipicamente, no final dos anos 90, uma cama hospitalar tinha 8 dispositivos médicos, em 2010 já tinha 13.
Este aumento do número de equipamentos levanta problemas organizacionais e questões quanto à própria sustentabilidade económica das operações. Começou a ser incentivada a ideia de que muitos equipamentos são descartáveis, com um tempo de vida limitado. No entanto, Moubray [4] demonstrou que a vida útil de um equipamento não está pré-definida e é dependente da manutenção e utilização a que é sujeito.
Esta proliferação de equipamento fez com que, no período de 1995 a 2010, nos Estados Unidos, os custos de manutenção de equipamentos médicos, por cama, passasse de 1665 dólares, em 1995, para 3144 dólares, em 2010. Para um hospital americano com 400 camas, os custos de manutenção dos equipamentos médicos duplicaram no mesmo período, ascendendo a 1,2 milhões de dólares [3].
Reduzir o número de equipamentos disponíveis coloca em causa a qualidade e quantidade dos serviços clínicos a prestar, pelo que não é uma opção razoável. Externalizar a utilização dos equipamentos poderá ser a resposta em alguns casos, em que o hospital não compra o equipamento, mas sim o seu serviço. Mas não será uma solução para os equipamentos móveis, muitos deles vistos como descartáveis pelos seus fabricantes. A resposta passa pela otimização do inventário de equipamentos.
Inventariação de equipamentos médicos e seus desafios
A Gestão de Ativos Hospitalares começa na deteção da necessidade de equipamento e continua até à sua desativação. Entre estes 2 momentos, há inúmeras atividades relevantes, onde se destaca a manutenção e a operação.
Um inventário é uma lista detalhada de ativos detidos por uma organização e permite, de acordo com a Organização Mundial da Saúde [5], várias atividades de valor para os hospitais:
- Conhecer a tecnologia disponível em quantidade e qualidade;
- Permite programar a manutenção preventiva, as reparações e outras atividades de conservação;
- Suporta as análises económicas e de gestão dos equipamentos;
- Apoia a Informática no conhecimento exato das tecnologias existentes.
Pedro Rompante
Engenheiro Mecânico, Especialista em Manutenção Industrial.
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